"Sempre conservei uma aspa à esqueda e à direita de mim." - Clarisse Lispector

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Meu herói



   Meu pai nunca me tratou como uma menininha. Ele me ensinou a andar de bicicleta, a jogar bola, comer bobeira na rua, nunca teve aquela frecuragem típica de mãe de passar protetor solar de 15 em 15 minutos na praia. Nunca ouvi história de Chapeuzinho Vermelho, Rapunzel ou Os Três Porquinhos, ele me ensinou a gostar dos mistérios do Chupa Cabra e das aventuras do Boneco Assasino. Antes de dormir, meu pai não lia livrinhos prontos, mas me fazia inventar histórias. Ele me deu a capacidade de sonhar. Acho que ele nunca soube de coisas tão pequenas que eu dedico um espaço enorme dentro de mim para guardá-las. 
   Vejo tantas pessoas com nojo disso e daquilo, com medo assim ou assado, e imagino como meu pai me deu a oportunidade de me tornar uma pessoa, ao meu ponto de vista,  sem frescuras. Isso é uma das coisas que eu mais admiro e tenho orgulho de falar que aprendi com meu pai, desde a vontade de comer aquele salgado de buteco até não mover esforços para fazer algo que me dá prazer. Não entendo de maquiagem, de moda ou de cabelo, mas se me perguntarem como foi o jogo de futebol do dia anterior sei citar detalhes. Isso é só mais uma das coisas que adquiri com meu pai. Além da aparência exterior ser enorme, a interior cada dia que passa me surpreende cada vez mais com nossa semelhança.

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